#14

um

terminei de ler Disorientation, primeiro romance de Elaine Hsieh Chou, uma grata surpresa/recomendação de alguém que sigo no instagram; pralém de ser asiático-estadunidense, ele fala muito de yellowface, soft power, relações interraciais, de poder, numa ambientação acadêmica, que é pra rir (muitas vezes de nervoso) & chorar junto SIM. como comentei com a esposa recentemente, não lembro de absolutamente nada do que aconteceu em livros/séries/filmes/etc., só sei que senti, e se foi bom ou ruim. esse aqui foi bom.

dois

há umas boas semanas terminamos Adventure Time with Fionna and Cake. de novo, não sei o que vi, só sei que senti demais. um amigo perguntou se ele conseguiria assistir sem ter terminado Adventure Time. consegue, com certeza, entretanto as camadas de sentimentos ficam muito mais ricas se você assistiu, ainda mais com esse lapso temporal entre uma série e outra. não relacionado, mas ouvi Rebecca Sugar dizer que talvez venhaí mais de Steven Universe também?

três

demorei pra escrever aqui pois passei por uns dias e dias e dias e dias. do tipo:

screenshot de um toot meu (o avatar é de BMO, de Adventure Time, segurando uma xicarazinha rosa, sentado): "é muito difícil se perdoar por sentir sentimentos que você nem sabe nomear; eu não faço ideia de como isso funciona, como se perdoa, que que é isso, é de comer? eu só sei mastigar".

quatro

daí que fui escrever pra tentar processar, ouvi e vi vídeos sobre sentir sentimentos e não pensar sentimentos, catei escritos de outros tempos que têm a ver com o que eu tava passando. agora que já passou um tempo, não sei dizer com precisão se eu realmente senti, ou se varri tudo pra baixo do tapete outra vez. “sei o quanto tudo isso é natural, mas ao mesmo tempo é como se não tivesse braços o suficiente pra abraçar e abarcar tantas realidades”. de repente novembro, fim de ano, que costuma não contribuir pra esse cá de dentro. & a Palestina, eu juntando episódios de podcasts (nacionais!) pra ouvir, assimilar, pensar, me educar, testemunhar (Jota Mombaça bem levantou). indiferença não é possível, o(s) problema(s) é (são) realmente de todo mundo, que bom ter quem ouvir & ler, ter discernimento, acolher a vida que segue acontecendo.

cinco

de acalentos houve essa entrevista com a artista Maia Ruth Lee (trivia: minha ex bicicleta se chamou Nima por conta do filho dela), e esta edição da newsletter de Shirley Wu, sobre o livro Data Sketches, que ela co-escreveu, finalmente receber tradução pra chinês, e o que isso significa pra ela.

seis

na toada do que já escrevi ali em cima, já há uns anos tenho tentado me manter presente nos Grandes Acontecimentos, diferentemente de quando era mais nova, que só queria desaparecer. por dentro e por fora. seja lá o que isso signifique — ficando brave, chateade, irritade. o que me ajuda são pessoas que estão sentindo e fazendo, atravessando vários distúrbios (por dentro e por fora), ninguém faz nada sozinhe. quero estar perto dessas pessoas, quero existir próximo delas. quero construir e viver no mesmo mundo que elas. e assim seguimos.

comendo chocotone & falando pra mim mesmo que fim de ano nem existe, ó